CAPÍTULO V
A Religião nos Estados Unidos

   1. Através do Espanhol e de outras raças latirias, que
professam o catolicismo, vieram os primeiros representantes da religião
cristã, nas Américas Central e do Sul.   Na América do Norte, a exceção
do México, o catolicismo nunca conseguiu dominar.   No território
atualmente ocupado pelos Estados Unidos, exceto em algumas partes
que eram no tempo da colonização pertencentes ao México, os
católicos nunca conseguiram se tornar bastante fortes, não obstante
tem tido sua religião estabelecida por lei.
   2. O início do período colonial data do princípio do século
17, quando os primeiros grupos de colonizadores se estabeleceram
na Virgínia e um pouco mais tarde no território hoje conhecido como
"Estados de Nova Inglaterra".   As religiosas, ou melhor dizendo, as
irreligiosas perseguições na Inglaterra e no Continente, estavam, ao
menos entre as principais razões que motivaram o estabelecimento
das primeiras colônias nos estados Unidos.
   Dentre os primeiros grupos de emigrantes, não se incluindo o
"Jamestown" (1607) e os emigrantes conhecidos como "Puritanos"
que eram "Congregacionalistas".   O Governador Edicott dirigia aquela
colônia.   O outro grupo era dos Presbiterianos.   Entre esses dois grupos
existia, todavia, um grupo de cristãos com pontos de vista diferentes,
os quais buscavam abrigar-se da perseguição.
   3. Os refugiados Congregacionalistas e Presbiterianos
estabeleceram colônias diferentes e dentro desses territórios criaram
leis próprias e peculiares a seus pontos de vistas religiosos.   Em outras
palavras, o Congregacionalismo e o Presbiterianismo mantinham, pela
lei, seus pontos de vista.   Isto trazia a exclusão absoluta de todas as
demais religiões.
   Eles que havia fugido de Mãe Pátria com as marcas
sanguinolentas da perseguição, buscando estabelecer um lar de
liberdade para si mesmos, logo depois de se estabelecerem em suas

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próprias colônias e de receberem a autoridade na nova terra, negaram
a liberdade religiosa aos outros, e praticaram contra eles os mesmos
métodos terríveis de perseguição, ESPECIALMENTE PARA
COM OS BATISTAS
.
   4. As Colônias de Virgínia e Carolina do Norte e do Sul foram
povoadas em sua maior parte por aderentes da Igreja da Inglaterra.
Os pontos de vista religiosos da Igreja da Inglaterra foram estabelecidos
nessas colônias.
   Assim, na nova terra da América, onde havia muitos
Congregacionalistas, Presbiterianos e Episcopais os quais vieram ali
em busca do privilégio de adorar a Deus conforme os ditames da sua
própria consciência, havia desde cedo três Igrejas Oficiais.   Não existia
liberdade religiosa para qualquer exceto para aqueles que haviam
conseguido o poder governamental.   Os filhos de Roma estavam
seguindo as pegadas sanguinolentas de sua mãe.   Sua reforma estava
ainda longe de ser completa.

"O Rasto de Sangue na América do Norte"

   5. Entre e os imigrantes da América vieram também
muitos I batistas que se achavam dispersos (alguns deles ainda
chamados anabatistas).   Havia provavelmente, em cada um dos
navios que ] vinham da Europa para a América, alguns batista.
Eles vieram j em grupos relativamente pequenos e nunca em
grandes grupos.   Não teria sido permitido a eles virem desta
forma.   Todavia eles continuavam vindo.
   Antes das colônias se estabelecerem definitivamente,
os batistas eram numerosos e espalhados por toda parte.   Logo,
entretanto, começaram a sentir o peso de mãos das ' três igrejas
oficiais.   Por causa da terrível ofensa de "pregar o evangelho"
e de "rejeitar o batismo para suas criancinhas", por "combater
o batismo infantil"
e coisas parecidas que a consciência batista
rejeitava, por causa disto, foram eles intimados, presos,
multados, chicoteados e até banidos de suas propriedades.   Tudo
isto aqui na América do Norte.   De muitas fontes darei umas
poucas ilustrações.

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   6. Antes que a Colônia de "Massachussetts Bay" atingisse 20
anos, tendo a Igreja Congregacional como Igreja do Estado, já haviam
sido estabelecidas leis contra os batistas e outros.   O exemplo que
segue é a amostra de uma dessas leis:
   "É ordenado e aceito, que qualquer pessoa ou pessoas
desta Jurisdição, que abertamente condene ou se aponha ao
batismo infantil ou que secretamente induza outros que o aprovem
a negá-lo, ou que propositadamente saia da congregação, durante
o ato de administração da ordenança, depois de determinado tempo
de condenação - cada uma dessas pessoas ou pessoa será banida
da colônia."
  Esta lei foi legislada especialmente contra os batistas.
   7. Roger Williams, e outros foram expulsos desta colônia
pelas próprias autoridades.   Uma expulsão na América, por aquele
tempo, significava algo de desesperadamente sério.   Significava ser
lançado no meio dos índios.   Uma vez expulso Williams foi recebido
gentilmente no meio dos índios e viveu muito tempo entre eles.   Depois
de ser expulso ele trouxe uma grande bênção à colônia que o banira.
Salvou-a da destruição planejada por aquela tribo que o acolhera.
Desta forma ele retribuiu o mal com o bem.
   8. Mais tarde Roger Williams, juntamente com outros, alguns
dos quais, ao menos, tinham sido banidos deste e de outras colônias,
encontrou João Clark, um pregador batista, e decidiram organizar
uma colônia própria.   Como ainda não possuíssem autoridade legal da
Inglaterra para realizar isto pensaram que seria um passo mais acertado,
sob as condições vigentes, formá-la mesmo sem autorização do que
permanecer nas colônias existentes sob o peso das terríveis restrições
religiosas a que estavam expostos.   Acharam então uma pequena parte
de terra que ainda não havia sido reclamada por qualquer das colônias
existentes, e nela se estabeleceram, ficando então conhecida como
Rhode Island.   Estava-se no ano de 1638,10 anos depois do
estabelecimento da Colônia de "Massachussetts Bay", mas somente
15 anos mais tarde (1663) eles conseguiram o reconhecimento legal.
   9. No ano de 1651 (?) Roger Williams e João Clark foram
enviados pela Colônia à Inglaterra para assegurar, se possível, a
permissão legal para o estabelecimento definitivo dessa colônia.   Oliver
Cromwell era então o primeiro ministro, mas por qualquer razão negou

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em atender ao pedido deles.   Roger Williams voltou ao seu lar l a
América.
   João Clark permaneceu na Inglaterra para insistir no
pedido.   Anos se passaram, Clark continuou a insistir.   Finalmente
Cromwell perdeu a sua posição e Carlos II estava no trono da
Inglaterra.   Não obstante Carlos aparecer na História como um
dos mais temíveis perseguidores dos cristãos, foi ele que em
1663 autorizou a licença.   Assim Clark, após 22 longos anos de
espera voltou ao seu lar, trazendo a licença.   Desta forma, em
1663, Rhode Island se tornou legalmente unia colônia e os
batistas puderam escrever sua própria constituição.

   10. Esta Constituição foi escrita e atraiu a atenção do mundo
inteiro.   Nela apareceu pela primeira vez a declaração da "Liberdade
Religiosa"
no mundo.
   A batalha pela liberdade religiosa na América, constitui em si
mesma uma grande história.   Aparentemente os batistas lutaram sozinhos
por um longo tempo.   Todavia, eles não lutaram para si somente, mas
por todos os povos de todas as religiões.   Rhode Island, a primeira
colônia Batista, estabelecida por um pequeno grupo de batistas, depois
de 12 anos dos maiores esforços para sua legalização, tornou-se o 1g
lugar sobre a face da terra, onde a liberdade religiosa foi estabelecida
por lei.   A colônia foi iniciada em 1638 e legalizada em 1663.
   11. Foram organizadas duas Igrejas batistas nesta colônia,
antes mesmo d. sua legalização.   Quanto à data exata do estabelecimento
de, ao menos uma dessas Igrejas, os batistas não estão unanimes.
Todos parecem concordar com a organização de uma delas - a de
Providência - em 1639 por Roger Williams.
   Para a Igreja organizada em Newport por João Clark, todo o
testemunho dos anos subseqüentes parece dar como data de
organização o ano de 1638.   Todos os testemunhos anteriores a esses
parecem colocar a data da organizada por Roger Williams em
Providência durou poucos meses.   A organizada por João Clark ainda
permanece.   Minha própria opinião sobre essas datas, baseada em
toda informação disponível, é que a data correta para a Igreja de
Newport é a de 1638.   Pessoalmente eu acho que essa é a data correta.
   12. Com respeito às perseguições em algumas das colônias
americanas vamos mencionar alguns exemplos.   De certa feita, estava

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enfermo um dos membros da Igreja de João Clark.   A família morava
na Colônia Massachussetts Bay, a poucos passos da divisa, João Clark
e um pregador visitante de nome Gandall e um leigo de nome Obadias
Holmes
, foram visitar a família enferma.
   Enquanto eles estavam realizando um culto de oração com a
família doente, um oficial ou oficiais da colônia prenderam-nos e mais
tarde foram apresentados perante o tribunal para serem processados.
Também é dito na História que para arranjar uma acusação mais forte
contra eles, foram levados para uma reunião religiosa da igreja deles
(Congregacional) tendo suas mãos amarradas (sic!).   A acusação deles
foi a de não "tirarem seus chapéus num serviço religioso".
   Todos foram processados e condenados.   O Governador
Endicott estava presente.   Zangado disse a Clark, durante o julgamento:
"Tendes negado o batismo infantil" (isto não era acusação contra eles).
"Mereceis morrer.   Não quero um traste deste em minha jurisdição".
Como pena deviam pagar uma multa ou serem bem açoitados.   A multa
de Crandall (e visitante) foi de cinco libras (quinhentos cruzeiros); a
pena de Clark (o pastor) foi de 20 libras (dois mil cruzeiros).   A multa
de Holmes (os registros dizem que ele foi Congregacional antes de se
tornar batista) foi de 30 libras ou sejam 3.000 cruzeiros.
   As multas de Clark e Gandall foram pagas por amigos.   Holmes
recusou igual obséquio alegando que não havia errado, razão porque
foi bastante chicoteado.   Os arquivos dizem que ele "se despira até a
cintura"
e que foi açoitado (com chicote tipo especial) até que o sangue
lhe cobriu as costas, descendo pelas pernas até Lhe encher os sapatos!
Dizem ainda que o seu corpo foi de tal maneira escoriado que por
mais de duas semanas ele não podia deitar, porque incisoras lhe
impediam de tocar o leito.   Para que pudesse dormir era-lhe necessário
o estirar-se, tendo os joelhos e cotovelos no chão, como suporte ao
corpo.   Li todas as memórias que existem em relação ao açoitamento
e demais sofrimentos de Holmes, bem com as suas declarações.
Dificilmente esse drama poderia ter sido mais brutal.   E isto aqui na
América do Norte!
   13. Painter foi outra vítima, também chicoteado porque recusou
"batizar o seu filho"
, tendo dado opinião de que o "batismo infantil"
era uma ordenança anticristã
.   Por causa dessas ofensas Painter foi

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amarrado e chicoteado.   O governador Winthrop diz-nos que Painter
foi açoitado "por reprovar a ordenança do Senhor".
   14. Na colônia onde o Presbiterianismo era religião oficial dos
dissidentes (Batistas e de outras seitas) não tiveram melhor na Colônia
Massachussetts Bay onde congrecionalismo era a Religião do Estado.
   Nesta colônia havia uma comunidade Batista.   Somente cinco
famílias não o eram.   Como batistas reconheciam as leis sob as quais
estavam e, conforme nos dizem os documentos, obedeceram-nas.
Ocorreu então o seguinte incidente:
   Foi decidido pelas autoridades que seria construída uma casa
de cultos para os presbiterianos, na comunidade batista.   O único
caminho para se conseguir isto seria o de se criar um imposto especial.
Os Batistas reconheceram aos presbiterianos a autoridade de criar
essa nova taxa, mas fizeram ao mesmo tempo uma petição - "Estamos
iniciando nossa comunidade.   Nossas pequenas casas foram há
pouco concluídas e acabamos de plantar nossas pequenas hortas
e jardins.   Nossos campos não estão ainda limpos.   Além disto
estamos pagando um imposto para a construção de uma fortaleza
que nos ponha a seguro dos ataques dos índios.   Não poderemos,
possivelmente, pagar outra taxa agora"
.   Esta é somente a súmula
da petição que fizeram.
   A taxa foi criada.   Não lhes seria possível pagá-lo logo.   Um
leilão foi, pois, anunciado.   As vendas foram feitas.   Suas casas, jardins,
hortas, e até cemitérios foram vendidos.   Somente não o foram os
campos ainda não preparados.   Uma propriedade avaliada em 363
libras e 5 shillings foi vendida por 35 libras e 10 shillings.   Algumas
dessas propriedades haviam sido compradas pelo ministro presbiteriano
que ia pregar lá.   A comunidade foi abandonada e deixada em ruínas.
   Um grande livro poderia ser cheio dessas leis opressivas.
Impostos terríveis e desrespeitos flagrantes foram desfechados
duramente contra os batistas.   Mas aqui não podemos entrar nesses
pormenores.
   15. Nas colônias do Sul, através dos Estados de Carolina do
Norte e do Sul, e especialmente Virgínia, onde a Igreja da Inglaterra
dominava, a perseguição aos Batistas foi séria e continuada.   Muitas
vezes seus pregadores foram multados e aprisionados.   Desde o início

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do período colonial até a Guerra da Independência, mais de 100 anos,
portanto, a perseguição aos Batistas foi continuada.
   16. Daremos agora alguns exemplos das perseguições aos
Batistas da Virgínia e seria interessante notar que Virgínia foi o 2° lugar
no mundo onde a liberdade religiosa foi adotada, seguindo a Rhode
Island.   Mas isto foi um século mais tarde.   Antes disto, cerca de 30
pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única
acusação contra si o fato de "pregarem o Evangelho do Filho de Deus".
   Jayme Ireland é um exemplo.   Ele foi preso... Depois disto
os seus inimigos experimentaram matá-lo a pólvora.   Tendo falhado
neste primeiro esforço quiseram sufocá-lo até a morte, usando enxofre,
que ardia sob as janelas da prisão.   Tendo falhado outra vez, tentaram
envenená-lo com o auxílio de um médico.   Tudo falhou.   E Ireland
continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão.   Um muro
foi construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou
fosse visto por ele, mas ainda esta dificuldade foi vencida.   O povo
amarrou um lenço à ponta de uma comprida vara a qual era levantada
para mostrar a Ireland que todos estavam reunidos.   As pregações
continuaram.
   17. Três outros ministros batistas (Luiz e José Gaig e Aarão
Bledose
) foram presos mais tarde com a mesma acusação.   Um deles
ao menos era parente de R. E. B. Baylor e possivelmente um ou mais
outros pastores batistas de Texas.   Estes ministros foram chamados
perante o tribunal para serem processados.   Patrick Henry, tendo ouvido
isto veio a cavalo de grande distancia e, não obstante pertencer à
Igreja deles, grande foi a sua defesa.   Não posso dar aqui uma descrição
da mesma.   Ela encantou o tribunal.   Os pastores foram libertados.
   18. Como em Rhode Island e outros lugares a liberdade
religiosa veio devagar e por partes.   Por exemplo: Em Virgínia foi
promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um
pastor batista, mas somente um.   O pastor poderia pregar um só vez
de dois em dois meses.   Mais tarde esta lei foi modificada, permitindo
a pregação uma vez cada mês.   Mas, ainda, assim em um só lugar do
Município e um único sermão naquele dia, mas nunca pregado à noite.
   Outras leis foram passadas não somente na Virgínia mas em
outros lugares, proibindo positivamente qualquer trabalho missionário.
Quem sabe foi esta lei a causa de ter sido Judson o primeiro missionário

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norte-americano no estrangeiro?   Passou-se longo tempo e muitas
batalhas foram travadas na Câmara da Virgínia para que essas leis
fossem grandemente modificadas.
   19. Evidentemente um dos maiores obstáculos à liberdade
religiosa na América e provavelmente em todo o mundo, foi a convicção
dominante entre os povos através dos séculos de que é impossível o
desenvolvimento da religião sem o apoio financeiro governamental.
Nenhuma denominação poderia, segundo essa idéia, prosperar;
simplesmente pelas ofertas de seus aderentes.   Este foi um argumento
difícil de ser vencido, ao ser iniciada a batalha pela desoficialização da
Igreja da Inglaterra no Estado de Virgínia, como também mais tarde
no Congresso Nacional, ao ser discutido esse mesmo assunto.   Por
longo tempo os batistas batalharam quase sozinhos.
   20. Rhode Island começou sua colônia em 1638, mas não foi
legalmente reconhecida até 1663.   Foi o primeiro lugar do mundo onde
a liberdade religiosa foi conseguida.   O segundo lugar foi Virgínia em
1786.   O primeiro artigo da Constituição norte-americana, segundo o
qual seria garantida a liberdade religiosa para todos os homens, deveria
entrar em vigor a 15 de Dezembro de 1791.   Os Batistas são
reconhecidos como os líderes do movimento que trouxe essa bênção
à nação.
   21. Citemos um dos primeiros incidentes ocorridos na Câmara
Federal, com relação a esse assunto.   Estava sendo discutida a
conveniência dos Estados Unidos terem uma Igreja oficial ou várias
Igrejas oficiais ou a liberdade religiosa.   Várias diferentes propostas
foram feitas.   Uma recomendava que a Igreja da Inglaterra fosse
reconhecida como oficial.   Outra que fosse a Igreja Congregacional a
oficial, e, ainda outros, optavam pela Presbiteriana.   Muitos Batista,
provavelmente nem um deles membro do Congresso, estavam
pugnando pela absoluta liberdade religiosa.   James Madison, (mais tarde
presidente) era o defensor principal deles.
   Patrick Henry levantou-se e fez uma proposta substitutiva para
todas: Que as quatro igrejas ou denominações - Igreja da
Inglaterra, Episcopal, Congregacional, Presbiteriana e Batista
- fossem consideradas oficiais.
  Finalmente, cada representante sentiu
que a sua denominação não poderia - segundo essa proposta - ser
a oficial.   Foi resolvido, então, por eles que a proposta de Henry fosse

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aceita, prontificando-se a tomar o compromisso nessa base.   (Segundo
esta proposta substitutiva cada indivíduo estava no direito de decidir
qual denominação seria beneficiada pelos impostos pagos por ele).
Os Batistas continuaram a lutar contra tudo isto; qualquer união entre
a Igreja e o Estado estava contra os seus princípios fundamentais,
razão porque eles não aceitavam isto, ainda que fosse votado.
   Henry insistiu com eles para que aceitassem isto, disse que ele
estava se esforçando por ajudá-los e que eles não viveriam sem esse
auxílio, mas ainda assim eles continuaram recusando.   Feita a votação,
a proposta de Henry foi aceita quase que por unanimidade.   Mas a
proposta tinha de ser votada três vezes.   Os Batistas dirigidos por
Madison e possivelmente por outros, continuaram a lutar.
   Veio a segunda votação.   Novamente foi a proposta quase
unanimemente aceita, em parte devido a grande eloqüência de Henry.
Mas faltava ainda a terceira votação Parece que Deus interveio a este
tempo.   Henry foi nomeado Governador de Virgínia e deixou o
Congresso.   Vinda a terceira votação a eloqüência de Henry não foi
sentida e a proposta caiu.
   Assim os Batistas quase se tornaram uma denominação
oficializada, apesar do seu mais solene protesto.   Esta não é a única
oportunidade que os Batistas tiveram de se tornar uma denominação
estabelecida por lei, mas é, provavelmente, a experiência que mais
perto disto os levou.
   22. Não muito depois desse tempo a Igreja da Inglaterra perdeu
inteiramente a oficialização na América.   Nenhuma Denominação
religiosa tinha o apoio do Governo Federal (se bem que em poucos
Estados ainda houvesse algum oficialismo).   A Igreja e o Estado, daí
por diante foram completamente separados nos Estados Unidos.   Estes
dois - a Igreja e o Estado - tinham vivido em toda a parte por mais de
1.500 anos (desde 313 num casamento altamente ilícito.)   A Liberdade
Religiosa, pelo menos nos Estados Unidos, ressuscitou para não mais
morrer; e agora, gradualmente ela vai se infiltrando em outros lugares
pelo mundo.
   23. Esta morte, todavia, foi tarefa altamente difícil.   A Igreja e
o estado continuaram unidos em vários Estados, depois de ter sido
colocada na Constituição dos Estados Unidos a liberdade religiosa.

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   O Estado de Massachussetts onde a idéia da união de Igreja
e Estado foi primeiramente aceita na América do Norte como já
dissemos, finalmente cedeu à liberdade religiosa.   Isto só veio depois
de 2 e meio séculos.   O Estado de Utah é o único lugar que desfigura
a "Liberdade Religiosa" na terra em que ela nasceu e que é uma das
maiores do mundo a lhe dar absoluto prestígio.   Convém lembrar que
não pode haver uma absoluta liberdade religiosa em qualquer nação
onde o Governo subvenciona uma qualquer denominação religiosa.
   24. Algumas interessantes perguntas têm sido feitas muitas
vezes aos batistas: Aceitariam eles, como denominação, a oferta de
qualquer nação para a sua "oficialização" se tal país pudesse livremente
fazer esta oferta?   E, caso aceitassem esta oferta, tornar-se-iam eles
perseguidores de outros, como dos Católicos, Episcopais, Luteranos,
Presbiterianos ou Congregacionais?   Provavelmente que uma pequena
consideração a essas indagações não seria inútil.   Tem tido os batistas
de fato estas oportunidades?
   Não foi relatado pela História de quando em certa ocasião o
Rei dos Países Baixos (que naquele tempo compreendia num só grupo
a Noruega, Suécia, Bélgica, Holanda e Dinamarca) tinha em profunda
consideração a questão de uma religião oficial?   Seu reino estava
cercado por todos os lados de nações que tinham igrejas oficiais -
sustentadas pelo Governo civil.
   Diz a História que o Rei da Holanda nomeou uma comissão
para examinar os princípios de todas as denominações existentes lá,
para verificar a que mais se aproximava da Igreja do Novo Testamento.
A Comissão voltou com o relatório de que os batistas eram os melhores
representantes dos ensinos do Novo Testamento.   Então o Rei ofereceu
para "oficializar" a denominação Batista em seu remado.   Os batistas
gentilmente agradeceram-lhe a oferta, mas declinaram dela, alegando
que isto era contrário às suas convicções e princípios fundamentais.
   Mas não foi esta a única oportunidade que lhes oferecida de
ter a sua denominação como uma religião oficial.   Eles certamente tiveram
a mesma oportunidade quando a colônia de Rhode Island foi fundada.
E, teria sido impossível a um batista perseguir outros e continuar sendo
batista.   Eles foram os primeiros advogados da "Liberdade Religiosa".
Este é realmente um dos artigos fundamentais da sua fé.   Eles crêem na
absoluta separação entre a Igreja e o Estado.

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   25. Tem sido tão forte a convicção dos batistas na questão da
separação entre o Estado e a Igreja que eles têm declinado
invariavelmente de todas as ofertas de ajuda por parte do Estado.
Daremos dois exemplos em seguida: Um em Texas e outro no México.
   Há muitos anos passados, quando a Universidade de Baylor
estava no início, o Estado de Texas ofereceu ajudá-la.   A Universidade
declinou do auxilio não obstante estar em grande necessidade.   Os
Metodistas de Texas tinham iniciado uma escola neste mesmo tempo.
Eles aceitaram o auxílio do Estado; esta Escola finalmente caiu nas
mãos do Estado.   (Nota do Tradutor - R E B Baylor foi um dos
fundadores da "Baylor University", a maior universidade Cristã
do mundo, com sede em Waco, Texas Sua matrícula já atingiu um
número superior a 3 000 alunos!
)
   O caso do México ocorreu assim: W. D. Powell era nosso
missionário no México.   Por seu trabalho tinha conseguido criar uma
impressão favorável aos Batistas, diante do Governador Madero do
Estado de Coahuila, México.   Madero ofereceu uma grande oferta do
Governo aos Batistas, para o estabelecimento de uma boa escola no
Estado de Coahuila.   A questão foi submetida por Powell à Junta de
Missões Estrangeiras.   Foi rejeitada porque era do Estado.   Mais tarde
Madero deu pessoalmente uma grande quantia e foi aceita e o Instituto
Madero foi construído e estabelecido.

ALGUMAS PALAVRAS FINAIS

   1. Durante todo o período da "Idade Média" muitos cristãos
e muitas Igrejas locais, independentes, algumas das quais com data
contemporânea aos Apóstolos, as quais nunca em qualquer tempo se
ligaram à Igreja Católica.   Esses grupos rejeitaram inteiramente os
católicos e suas doutrinas.   Este é um fato claramente demonstrado
pela História verossímil.
   2. Tais cristãos foram sempre objeto de amarga e contínua
perseguição.   A História mostra que durante o período da Idade Média,
contando-se desde o seu inicio em 476, houve perto de 50 milhões
desses cristãos os quais sofreram a morte pelo martírio.   Muitos milhares
de outros, quer precedendo ou sucedendo à Idade Média, pereceram
sob o mesmo terror de mãos perseguidoras.

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   3. Aqueles cristãos, durante esses muitos séculos de trevas
foram tratados por muitos e diferentes nomes, todos dados por seus
inimigos.   Esses nomes foram dados algumas vezes por causa de um
líder heróico ou por outras causas muitas vezes também, deu-se o
caso de grupos que sustentavam os mesmos pontos de vista, serem
tratados por nomes diferentes, em localidades diferentes.
   Mas, não obstante todas essas mudanças de nomes, havia um
nome especial uma designação preferida, a qual se aplicava ao menos
a um grupo de cristãos através de toda a "Idade Média".   Esta
designação era a de "Ana-Batista", uma palavra composta que surgiu
para designar um grupo de cristãos que apareceu na História durante
o terceiro século; interessante notar que surgiu logo depois do batismo
infantil
e, o que é mais sugestivo ainda, apareceu antes do uso do
nome Católico.   Assim, "Anabatista" é o mais antigo nome
denominacional da História.
   4. Uma remarcaste peculiaridade desses cristãos foi e continuou
a ser nos séculos sucessivos a rejeição à doutrina humana do "Batismo
Infantil"
, razão porque exigiam rebatismo de todos aqueles que vinham
se filiar a eles, mesmo quando tivessem sido batizados na infância.   Por
causa desta peculiaridade eles foram chamados "Anabatistas".
   5. Esta designação especial foi aplicada a muitos dos Cristãos
que tinham recebido outros apelidos; especialmente isto se deu com
os Donatistas, Paulicianos, Albingenses, Antigos Waldenses e outros.
Nos séculos subseqüentes essa designação passou a ser aplicada a
um grupo distinto.   Estes eram então simplesmente chamados
"Anabatistas" e gradualmente, todos os outros nomes foram caindo
do uso.   Muito cedo no século 16, antes ainda da origem da Igreja
Luterana
, a primeira de todas as Igrejas Protestantes, a palavra "ana"
foi entrando em desuso e eles foram simplesmente chamados "Batistas".
   6. Antes e durante a "Idade Média" houve um grupo de muitas
Igrejas que nunca, em qualquer tempo, se identificaram com os
católicos.   Depois da "Idade de Trevas" houve um grupo de muitas
igrejas, que nunca tiveram qualquer identificação ou ligação com os
católicos.   As seguintes são algumas das doutrinas fundamentais que
esse grupo seguia quando entrou na Idade Média.   São as mesmas
doutrinas que ele seguia quando saiu da Idade Média.   São as mesmas
doutrinas fundamentais que o mesmo grupo ainda agora segue:

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DOUTRINAS FUNDAMENTAIS
  1. Uma Igreja espiritual, tendo Cristo por fundador, único cabeça
    e legislador.
  2. Duas ordenanças somente: o batismo e a Ceia do Senhor.
    São tipos e memoriais, não sacramentos.
  3. Seus oficiais constituem só duas classes: bispos ou pastores
    e diáconos.   São servos da Igreja [local].
  4. Seu governo é uma pura democracia.   Executiva somente,
    não legislativa.
  5. Suas leis e doutrinas estão no Novo Testamento e nele
    somente.
  6. Seus membros: crentes unicamente, salvos pela graça, não
    por obras, mas através do poder regenerador do Espírito
    Santo
    .
  7. Suas exigências: os crentes são recebidos na Igreja pelo
    batismo, que é administrado por imersão, seguindo em
    obediência a todas as leis do Novo Testamento.
  8. As várias Igrejas são separadas e independentes na
    execução de leis e de disciplina, bem como na sua
    responsabilidade diante de Deus; - cooperam, entanto, no
    trabalho.
  9. Completa separação entre a igreja e o Estado.
  10. Absoluta liberdade religiosa para todos

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Lista parcial dos livros usados na preparação dos
palestres do "Rasto de Sangue"

[uc--much Spanish below.]

Historia de los Batistas en Virginia--Semple
Sucesión de los Batistas--Ray
Los Batistas en Alabama--Holcomb
Historia de los Huguenots--Martín
Cincuenta Años Entre los Batistas--Benedict
Libro de Mártires--Fox
Mi Igreja--Moody
La Deuda del Mundo a los Batistas--Porter
Manual de la Igreja--Pendleton
El Mal del Bautismo Infantil--Howell
Reminiscencias, Bosquejos y Discursos--Hutchinson
Historia Breve de los Batistas--Vedder
La Lucha para la Libertad Religiosa en Virginia--James
El Génesis de Antimisionismo en América--Carroll
El Batista Verdadero--A. Newton
Los Batistas en América--
Cox y Holey
Guía de Estudio Sobre la Historia Eclesiástica--McGlothlin
Los Principios Batistas Reestablecidos--Jeter
El Presbiterianismo en Virginia y Libertad Religiosa en Tiempos Coloniales
   y de la Revolución--Johnson
El Presbiterianismo Hace 300 Años--Breed
Historia de la Igreja Presbiteriana en el Mundo--Reed
Creencia Católica--Bruno
El Cambelismo Examinado--Jeter
Historia de los Batistas de Nueva Inglaterra--Burrage
Historia de la Redención--Edwards
Principios y Prácticas de Igrejas Batista--Wayland
Historia de Asociación Batista de la Libertad de Carolina del Norte--
   Sheets
Carson Sobre el Bautismo
Historia y Literatura de las Primeras Igrejas--Orr
Historia de los Batistas en Kentucky--Spencer
Historia Batista--Orchard
La Perpetuidad Eclesiástica Batista--Jarrel
Desestablecimiento--Harwood
Progreso de Principios Batistas--Curtis
Relato de los Batistas--Cook
Romanismo en su Hogar--Eager
Americanismo Contra Catolicismo--Grant

La Fe de Nuestros Padres--Cardinal Gibbons
La Fe de Nuestros Padres Examinada--Stearns
Relato de Misiones Batistas--Hervey
El Bautismo--Conant
El Bautismo Cristiano--Judson
La Separación de Igreja y Estado en Virginia--Eckenrode
Progreso de la Libertad Religiosa--Schaff
Doctrinas y Principios de la Igreja Metodista Episcopal
Las Igrejas de Piedmont--Alix
Historia de los Valdenses--Muston
Historia de los Batistas--Backus
Los Antiguos Valdenses y Albigenses--Faber
Historia de los Valdenses de Italia--Combs
Historia de los Batistas--Benedict
Biografía Batista--Graham
Primeros Batistas Ingleses--Evans
Historia de los Batistas Galeses--Davis
Historia Batista--Cramp
Historia de los Batistas--Christian
Historia Breve de los Batistas--Vedder
Súplica a la Igreja Presbiteriana de Cumberland--Jones
Religiones del Mundo--(compilado de varios autores)
Historia de la Reformación en Alemania--Ranke
Historia de la Igreja--Kurtz
Constitución de la Igreja Presbiteriana en E.U.A.
Doctrinas y Disciplina, Igreja Metodista Episcopal Africana--Emory
Historia de la Igreja--Jones
Historia de la Religión e Igreja Cristiana-- Nea[n]der
Historia Eclesiástica--Mosheim
Historia de la Igreja Cristiana--Gregory
Historia de la Igreja--Waddington
Manual de Historia de la Igreja--Green
Manual de Historia de la Igreja--Newman
Historia de Anti-Pedo Bautismo--Newman
Enciclopedia Católica (16 tomos)
Enciclopedia Batista--Cathcart
Enciclopedia de Conocimiento Religioso--Brown
Enciclopedia Británica
Origen de Discípulos--Whittsitt
Enciclopedia de Conocimiento Religioso--Schaff- Herzogg
Libro de Mártires--Fox
Historia Batista--Schackleford

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